Malba Tahan entra em cena
1925-1937
Primeiro livro e muitos outros
Em 1925, o professor Mello e Souza casou-se com a linda Nair Marques da Costa, sua ex-aluna do Instituto de Educação, com quem teve três filhos: Rubens Sergio, Sonia Maria e Ivan Gil. A partir de seu casamento, como quem inaugura uma viagem mágica de romances e maravilhas, o professor Mello e Souza trouxe para jornais e livros sua mais extraordinária invenção: a mistificação literária que chamou Malba Tahan. Nesse mesmo ano, o professor Julio Cesar viu editado seu primeiro livro: “Contos de Malba Tahan”. Na primeira edição dessa obra ele ainda assinou com seu próprio nome, tendo Malba Tahan apenas no título. Na segunda edição, no entanto, o próprio Malba Tahan era o autor. Em 1927, chegava às livrarias seu segundo título, “Céo de Allah”, também assinado pelo autor árabe, premiado pela Academia Brasileira de Letras. Ainda na década de 20, no ano de 1929, conseguiu publicados os livros “Amor de Beduíno” e “Lendas do Deserto”. Em 1931, o livro “Mil histórias sem fim” inaugurou o novo elenco de títulos que viriam a ser editados. Foram mais de 100 livros publicados até sua morte, o que significa uma produção literária estimada em cerca de dois livros e meio por ano. E o personagem Malba Tahan permaneceu como verdadeiro escritor até o final dos anos 40, quando foi descoberta a mistificação literária. Na folha de rosto da edição de 1930, do livro “Amor de Beduíno”, para maior veracidade da mística criada, o editor informava: “Traduzido directamente do original árabe.”
O misterioso árabe dos jornais
Enquanto conseguia publicar seus livros em diferentes editoras, Julio Cesar vendia seu talento aos Diários Associados de Assis Chateaubriand. O editor espalhou durante mais de duas décadas os contos assinados pelo misterioso autor árabe, Malba Tahan, em jornais e revistas de todo o Brasil. No final dos anos 20, as histórias de Malba Tahan eram encontradas no “O Jornal”, no “Diário de São Paulo”, na Revista “Fon-Fon”, na “Gazeta Comercial” e no jornal “O Malho”, entre muitos outros. No início da década de 30, um mesmo conto era publicado em diversos periódicos simultaneamente. Em 1931, por exemplo, a história “Os cobradores e os ladrões” estava no “Jornal do Comércio”, no “O Jornal”, no Jornal “O Povo” e no “Diário de Notícias”, do Rio de Janeiro, na “Tribuna Popular” e no “O Democrata”, de São Paulo, no “Diário da Matta”, de Juiz de Fora, na “A República”, de Florianópolis, e no “A Notícia”, do Espírito Santo. Os contos de inspiração árabe foram os primeiros, depois, vieram curiosas recreações matemáticas e artigos sobre educação e didática.
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